quarta-feira, 20 de abril de 2011

Já ouviram falar em Laika? A triste historia dessa cachorrinha.

LAIKA E SUA VIAGEM PARA A MORTE

            Nesta semana onde estamos comemorando os 50 anos do vôo histórico de Yuri Gagarim o Blog Biologia na medida certa trás o 3° post sobre esse evento que marcou a história da humanidade.

            Yuri Gagarim foi o primeiro homem no espaço, porém vocês conhecerão agora a história emocionante e trágica do primeiro ser vivo a orbitar nosso pequeno planeta, a cadela Laika, que realizou o vôo a bordo da nave soviética Sputnik II no dia 3 de novembro de 1957.

A CORRIDA ESPACIAL SOVIÉTICA

        A União Soviética já havia realizado vários vôos com animais, porém foram teste sub-orbitais, onde as naves alcançam grandes altitudes, mas não chegam a deixar a órbita da Terra. Esses vôos eram necessários para que os cientistas pudessem obter dados de como seres vivos se comportariam em grandes altitudes.

             Após esses testes os soviéticos deram um passo a frente, e começaram a se preparar para a realização de um vôo orbital, ou seja, fora do planeta, onde levariam até o espaço um ser vivo, o primeiro na história, e é ai que começa a história de Laika.

LAIKA

            A pequena heroína vivia abandonada vagando pelas ruas de Moscou quando foi capturada pelo programa espacial soviético. Ela era uma cadelinha de pequeno porte, pesava em torno de 6kg e tinha 3 anos de idade. Ela viveu durante alguns anos com os cientistas, isso enquanto durou seu treinamento. Ao que tudo indica ela era muito querida entre eles, nascendo assim uma relação de carinho mútuo.

      Os cientistas acreditavam que um cão de rua, acostumado as dificuldades e a lutar todos os dias pela sobrevivência teria mais condições de suportar o exaustivo programa de treinamento e a viagem espacial em si.

O TREINAMENTO

      Com algumas raras exceções a União Soviética não utilizava os cães em suas missões sem que antes eles passassem por um rigoroso treinamento, e para treinar Laika foi designado o cientista Oleg Gazenko.

       A cadelinha passou por anos de treinamento, assim como acontecia com todos os cães do programa espacial soviético. Laika foi apresentada as condições que ela encontraria na viagem, como permanecer em compartimentos cada vez menores por até 20 dias, altos ruídos, vibrações, acelerações e cargas G excessivas em máquinas centrífugas. 

            Foram dias difíceis para Laika, ela experimentou um alto grau de estresse. Em determinados momentos as suas pulsações dobravam, e o confinamento fez com que sua função excretora fosse alterada, comprometendo assim sua saúde e aumentando sua agitação.

A MISSÃO

            Laika não foi a única a participar do treinamento para esse vôo histórico, junto com ela estavam as cadelas Albina, já experiente, tendo participado de dois vôo sub-orbitais e Mushka, sendo que, ao final dos testes,  Laika foi selecionada para a viagem, Albina ficou como sua substituta direta e Mushka foi utilizada para o teste de instrumentação e dos equipamentos de suporte vital.

       A cápsula onde Laika voou era pressurizada, toda acolchoada, e ela recebeu um traje especial onde eram depositados seus dejetos. A cápsula em questão era muito pequena, a cadelinha só podia se levantar e deitar, não havia espaço para ela realizar outros movimentos.

            No dia 31/10/1957, três dias antes do lançamento, Laika foi colocada no Sputnik II, onde ela esperou por 3 dias até o lançamento. Dois homens ficaram encarregados de cuidar dela nesse período, eles colocaram alguns censores em Laika para que seus sinais vitais fossem monitorados e em 03/11/1957 o foguete partiu do cosmódromo de Baikonur em direção ao espaço.

            Durante a subida do foguete o controle em terra constatou que os batimentos do coração de Laika, assim como sua freqüência respiratórias dobraram de intensidade, mas tudo isso já era esperado e foi experimentado durante o treinamento.

            Ao chegar à órbita houve um problema durante a desacoplagem de uma das partes do foguete, que danificou o sistema térmico da cápsula. A temperatura chegou a 40° C, porém ainda assim Laika continuava viva, mas após 3 horas os batimentos dela caíram muito alem do esperado, a cadelinha entrou em estado de pânico no espaço tendo várias convulsões, e depois de 5 horas de vôo o controle em terra parou de receber os dados sobre os sinais vitais de Laika, ela havia parado de respirar, encerrava assim sua curta vida.

A MORTE DE LAIKA

            O frisson em relação à viagem foi geral, pessoas no mundo inteiro aguardavam ansiosas pelo retorno de Laika, e mesmo depois da sua morte Moscou continuou emitindo informações de que ela estava viva, tranqüila, e que em poucos dias ela voltaria para casa.

          Logo depois os soviéticos informaram que Laika não voltaria mais, não seria possível trazê-la de volta. Isso causou espanto e comoção no mundo inteiro, e Moscou informou que ela morreria sem dor após uma semana em órbita.

CONDENAÇÃO A MORTE

            Na verdade Laika foi condenada à morte no momento em que foi selecionada para a viagem, pois o programa espacial soviético não possuía tecnologia suficiente para colocar um ser vivo em órbita e trazê-lo de volta para a Terra. Laika foi o único ser vivo a ser enviado ao espaço para morrer.

           A idéia era que após 10 dias em órbita fosse liberada na cápsula uma porção de comida envenenada para por fim a vida de Laika, porém isso não aconteceu, pois a cadelinha sucumbiu horas depois de iniciar a viagem.

            No dia 14 de abril de 1957 o Sputnik II explodiu ao entrar em contato com a atmosfera terrestre, levando consigo os restos mortais de Laika.

COMOÇÃO GERAL

           Em um primeiro momento a morte de Laika não foi levada em consideração, pois o feito era grande demais para ser ofuscado pela sua morte. Porém a comoção foi geral, e inclusive entre os cientistas do programa espacial soviético, que durante anos foram impedidos de expressar o seu pesar. Após o colapso do país estes cientistas começaram a falar sobre o arrependimento que lhes acompanhavam durante a vida.

         Em 1988 o cientista Oleg Gazenko, responsável pelo treinamento de Laika, expressou seu pesar por permitir que Laika partisse para a morte. “Trabalhar com animais é uma fonte de tristeza para todos nós, quanto mais o tempo passa me sinto pior à respeito, não aprendemos o suficiente nessa missão que justificasse a morte da cadela”.

O LEGADO DE LAIKA

            Laika foi a responsável por um salto gigante em relação a conquista do espaço. Seu vôo, apesar de curto, abriu caminho para que Yuri Gagarim realizasse o vôo do primeiro homem ao espaço. Porém seu legado vai alem disso, pois devido a sua morte o mundo começou a ver com outros olhos os maus tratos aos animais.

     Em plena Guerra Fria União Soviética e EUA firmaram um acordo onde eles se comprometiam a adotar todas as medidas de segurança em vôos com animais, tendo como objetivo principal o retorno deles em segurança.

            Foram feitos debates no mundo todo em relação ao uso de animais em pesquisas científicas, e até que ponto as mortes seriam justificáveis para o avanço da ciência.

HOMENAGENS


                   Seu baixo-relevo está no Monumento aos Conquistadores do Espaço (1964), em Moscou, onde Laika e Lenin são os únicos personagens que se pode reconhecer por seu nome.




Em 11 de abril de 2008 foi inaugurado um monumento em honra à cadela Laika no centro de Moscou. O monumento foi colocado em uma alameda perto do Instituto de Medicina Militar, onde ocorreram há mais de meio século os experimentos científicos com a participação da célebre cadela. A figura de bronze, de dois metros de altura, representa um dos segmentos de um foguete espacial, que se transforma em uma mão humana, sobre a qual está o corpo de Laika.


- Em 1997, na Cidade das Estrelas, foi inaugurada uma placa em homenagem aos cosmonautas mortos. Laika está representada em um canto da placa, espiando por entre as pernas de um dos cosmonautas.


- Em 9 de março de 2005, um pedaço de terreno no planeta Marte foi chamado Laika, embora não oficialmente, pelos controladores da missão da Mars Exploration Rover. O lugar se localiza próximo da cratera Vostok em Meridiani Planum.


- Laika tem aparecido em numerosas obras literárias, de ficção científica ou também de fantasia, que freqüentemente narram histórias sobre seu resgate ou sobrevivência.


- Em vários países criaram-se selos de correio com a imagem da cadela Laika, comemorando seu vôo. Marcas de chocolates e cigarros foram nomeadas em sua memória, e uma grande coleção de souvenirs de Laika ainda aparece em leilões atualmente.


- Os nomes de vários grupos musicais estão inspirados em Laika, entre eles Laika Dog, Laika & the Cosmonauts e Laika, cujos três primeiros álbuns possuem uma cosmonauta canina na capa.


Interessante é que foi criada uma novela (Intervention) de Julian May, cuja a história virou uma teoria propagada por vária pessoas no mundo, onde diz que Laika não teria morrido, e sim teria sido resgatada por uma nave alienígena e levada a um planeta distante.


http://cienciasvirtual-bio.blogspot.com/2011/04/laika-e-sua-viagem-para-morte.html

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